Aula V- RepresentaĆ§Ć£o teatral.
RepresentaĆ§Ć£o, expressĆ£o e comunicaĆ§Ć£o
Desde o sĆ©culo 4 a.C., quando foi formalizado pelos gregos, o teatro tem sido usado com diferentes propĆ³sitos. Na sala de aula, esta linguagem pode contribuir para fortalecer as relaƧƵes de cooperaĆ§Ć£o, diĆ”logo e respeito mĆŗtuo.
O ser humano descobriu que tem duas formas poderosas para se comunicar antes mesmo de danƧar, cantar, rabiscar paredes ou desenvolver qualquer outra manifestaĆ§Ć£o artĆstica. Trata-se do choro e do riso – estratĆ©gias usadas instintivamente pelos bebĆŖs para chamar a atenĆ§Ć£o dos adultos. Essas duas formas de expressĆ£o corporal formam a base do ato de representar. NĆ£o Ć© Ć toa que elas estĆ£o desenhadas e pintadas nas mĆ”scaras que representam o teatro.
Esse termo diz respeito tanto ao prĆ©dio onde se realiza um espetĆ”culo como Ć prĆ³pria encenaĆ§Ć£o. Para que o teatro aconteƧa, Ć© necessĆ”rio haver um espaƧo, um ou mais atores, histĆ³ria e pĆŗblico. HĆ” grupos que o fazem em locais alternativos, como a rua ou os edifĆcios convencionais. Outros optam por suprimir as falas e fazer o personagem dar seu recado por meio da mĆmica. E existem ainda os que utilizam marionetes no lugar de atores. SĆ£o muitas as maneiras de essa arte se concretizar.
O teatro foi formalizado pelos gregos no sĆ©culo 4 a.C., mesmo havendo registros mais antigos de representaƧƵes na China, no Egito e no Oriente PrĆ³ximo. Ele evoluiu dos rituais primitivos ligados Ć religiĆ£o para um espaƧo cĆŖnico organizado, como mostram algumas imagens na frente deste pĆ“ster. Aprimorado durante o ImpĆ©rio Romano, ganhou novos formatos de palco e entrou em perĆodo de quase morte entre os sĆ©culos 1 e 10, quando a mentalidade medieval nĆ£o via com bons olhos o fato de o ser humano estar no centro das atenƧƵes.
No sĆ©culo 17, o inglĆŖs William Shakespeare (15641616) ressuscitou essa arte, criando as tragĆ©dias e comĆ©dias mais famosas de todos os tempos. O americano Harold Bloom, crĆtico literĆ”rio, defende a tese de que serĆamos diferentes se o criador de Romeu e Julieta e da cĆ©lebre citaĆ§Ć£o “Ser ou nĆ£o ser, eis a questĆ£o” nĆ£o tivesse existido, pois em seus textos dramĆ”ticos ele refletiu e questionou as condiƧƵes de vida e morte do ser humano, reinventandoo como um todo.
Trazida para o Brasil como instrumento pedagĆ³gico pelos jesuĆtas com o objetivo de catequizar os Ćndios, a encenaĆ§Ć£o foi adquirindo cores nacionais no fim do sĆ©culo 19. Durante esses anos, a linguagem evoluiu, mudou de roupagem e teve filhotes. Um dos mais importantes apareceu hĆ” pouco mais de 50 anos: a teledramaturgia, base de um dos Ćcones da indĆŗstria cultural brasileira, a novela.
A crianƧa traz com ela o potencial natural de dramatizaĆ§Ć£o, vivenciado nos jogos de fazdeconta. A presenƧa dessa expressĆ£o artĆstica na escola permite a aquisiĆ§Ć£o progressiva da linguagem dramĆ”tica e o contato com seus diversos estilos. Os alunos das primeiras sĆ©ries sĆ£o capazes de tomar consciĆŖncia das suas possibilidades como atores desde que a prĆ”tica teatral seja lĆŗdica e criativa. Quando maiores, a partir dos 10 ou 11 anos, eles estĆ£o aptos a dominar o corpo e tornĆ”-lo mais expressivo. Os estudantes tambĆ©m jĆ” se expressam melhor oralmente e conseguem organizar e dominar o tempo. No plano coletivo, o teatro na sala de aula fortalece as relaƧƵes de cooperaĆ§Ć£o, diĆ”logo, respeito mĆŗtuo, reflexĆ£o sobre como agir com os colegas, flexibilidade de aceitaĆ§Ć£o das diferenƧas e aquisiĆ§Ć£o de autonomia.
“A vida Ć© a miniatura do teatro. Ele a aumenta, a embeleza, a sublima. A vida cria o conflito: o teatro o resolve; e, nessa soluĆ§Ć£o, a vida tem aumentado seu patrimĆ“nio moral. A vida estĆ” cheia deĀ Cyranos,Ā HamletsĀ eĀ Otelos, mas sĆ³ depois de a arte os haver mostrado Ć© que o mundo comeƧou a reparar neles”Ā